A DESCOLORIZAÇÃO DO TEMPO

Tudo é incerto, o tempo é incerto. Aliás, quase já não temos tempo para ter tempo. Um dia de vinte e quatro horas é curto para dar conta de tantos afazeres. Acordar cedo, ir ao trabalho, estudar, cuidar da casa, preparar material para o trabalho do dia seguinte, dormir... dormir?

 

Somos escravos do tempo que criamos e da busca quase inalcançável por resultados. E mesmo esgotados, baixamos a cabeça e aceitamos passivamente tudo que nos é imposto. Estamos doentes, uma doença crônica cuja causa é a ideia de temporalidade.

 

Vivemos um presentismo, não temos tempo de planejar o futuro, o presente por si já trás problemas em demasia. São as angustias da modernidade, a ânsia pelo consumo, os objetos só tem valor até o momento em que chegam em nossas mãos, em seguida já estamos em busca de outros bens na tentativa de preencher um vazio insaciável. Acreditando piamente que o próximo objeto almejado nos dará a plenitude. Mas é isso que a propaganda na TV, nos jornais e internet nos fazem crer.

 

Não tenho a solução, não existe a solução. O mundo não é pintado em paletas coloridas, ele é sombrio, mofado e cheira à putrefação. Esse tempo criado por nós, frágeis criaturas, nos aprisiona ciclicamente, onde a tragédia e a comédia se repetem ininterruptamente.

 

(Adrianus Martini)

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